


MUIRAQUITÃ

Felipe Franco
Análise de "Erro de Português" de Oswald de Andrade
Quando o português chegou
Debaixo de uma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português.
O poema faz uma representação do início do processo de colonização do Brasil, no fim do século XV. Em especial, o verso "Vestiu o índio" mostra como o português disseminou sua cultura, de forma que o verbo vestir, que normalmente significa "cobrir-se com veste", assume o papel de "civilizar".
O verso "Debaixo de uma bruta chuva", porém, critica o momento pelo qual as nações europeias passavam naquele tempo. No começo da exploração marítima as Grandes Navegações tinham suas normas ditadas pelo mercantilismo e pela religião, isso acabou turvando a visão dos portugueses em relação aos índios.
Com base nisso, os três últimos versos da poesia fazem referência justamente ao "erro do português", como diz o título; afirmam que caso fosse manhã de sol, ou um momento mais propício a convivências internacionais, o índio que teria "despido" o português, fazendo justamente o oposto do que aconteceu: repassaria a sua cultura aos portugueses.
