


MUIRAQUITÃ

"Relógio
Diante de coisa tão doída
Conservemo-nos serenos
Cada minuto de vida
Nunca é mais, é sempre menos.
Ser é apenas uma face
Do não ser, e não do ser
Desde o instante em que se nasce
Já se começa a morrer.
Relógio.”-Cassiano Ricardo
Na primeira estrofe, o poema,por meio de alguns detalhes, mostra um eu-lírico que tem resistência diante de dificuldades da vida, visto no verso: “Diante de coisa tão doída”. O segundo verso(“conservemo-nos serenos”) evidencia a luta pela vida, onde nela manter-se num estado sereno, tranquilo resulta sofrer menos perante as dores do mundo.
Na segunda estrofe após essa passagem o poema vai atingindo gradualmente maior âmbito filosófico, visto que, no verso “Cada minuto de vida” prevalece a ideia da impotência do homem diantedo tempo levando a entender que viver dói.
Há alusãoao pensador Shakespeare, na terceira estrofe, por meio da referência dialética do “Ser ou Não Ser” em que se explicao título “Relógio”,o qual simbolicamente representa a passagem do tempo.Já na última estrofe, o eu–lírico trata da temática da morte evidenciando queo destino de todo ser é morrer.
Sendo assim, é perceptível que no poema ocorre uma denúncia da dor sentida pelo homem contemporâneo, pois, o autor Cassiano Ricardo passa a buscar no homem brasileiro tonalidades universais.