


MUIRAQUITÃ

Resenha por capítulo de Brás, Bexiga e Barra Funda de Alcântara Machado
Iranildo Batalha
Sobre:
Brás, Bexiga e Barra Funda trata-se da segunda obra de Alcântara Machado, publicada em 1927. É uma obra da primeira fase do modernismo, assim como seu autor. Mesmo não participando diretamente da semana de 22, Alcântara Machado ao viajar para a Europa teve contato com várias vanguardas, acendendo seu espírito modernista.
Essa obra trata principalmente do cotidiano das pessoas desses três bairros de São Paulo. Tem como tema principal os imigrantes italianos e seus cotidianos. O autor usa uma linguagem simples e de fácil compreensão. Ela é composta por 11 contos.
Resenha:
No primeiro conto – Gaetaninho - a história gira em torno de Gaetaninho, um menino pobre e apaixonado por futebol. O menino fica até tarde jogando bola com os amigos e só para quando sua mãe vai buscá-lo com o chinelo na mão. Por ser um bairro pobre, o pessoal só andava de bonde. Para andar de carro somente em casamento ou enterro. Certo dia depois de sua mãe o chamar, Gaetaninho se deita na cama e sonha que sua tia morre e já fica imaginando ele dentro do carro e com qual roupa usaria. Ele conta o sonho a sua tia, que fica atordoada, mas logo depois, muda a estória, dizendo que quem morre é o acendedor de lampião. Logo após, Gaetaninho e seu irmão vão brincar de bola com os amigos, até que pedem para que Gaetaninho pegue a bola, quando este vai buscar é atropelado e morre.
O segundo conto - Carmela - fala sobre Carmela, quem possui uma amiga chamada Bianca, que ao contrário de Carmella, é feia e só é procurada quando for para mandar um recado para sua amiga. Certo dia, ao sair de uma oficina, as duas avistam um Buick (carro muito desejado na época) e Carmela se interessa pelo dono. O dono vai até Bianca e diz para que mande um recado a Carmela para se encontrarem atrás de uma igreja, somente ela. Carmela recebe o recado, se faz de difícil mas acaba aceitando o convite. O rapaz convida a moça a dar uma volta em seu Buick, e a moça só aceita na condição de que Bianca fosse. Entretanto o rapaz diz a Carmela para não levar mais Bianca. Esta se enfurece e acusa a amiga, que acabam se separando.
O terceiro conto – Tiro de guerra nº 35 - fala sobre um rapaz chamado Aristodemo, que no grupo escolar era uma peste, lá ele aprendeu a roubar no gude e a ser mais patriota. Ao sair do grupo escolar, inclusive já fumando, foi trabalhar na oficina de um cunhado e até entrou num time de futebol mais saiu por falta de pagamento da mensalidade. Foi trabalhar numa companhia de ônibus e conheceu uma namorada. Não ficou com ela por ter que ir servir ao exército. Lá ficou ainda mais patriota e tinha respeito. Certa vez brigou com um soldado (alemãozinho) por ele ter desrespeitado o hino, o qual ele ensinava.
O quarto conto – Amor e sangue - fala sobre um ocorrido com Nicolino, este possuía a alma negra. Nicolino era muito ciumento, além de gostar de futebol, este perdia a cabeça por causa de Grazia. Falava-se muito sobre um crime: um rapaz matou uma jovem por ciúme. Dominado pelo ciúme Nicolino vai ao encontro de Grazia e diz se matar se ela não falar com ele. Ela não fala. Ele querendo vingança mata Grazia. No final ele é preso e diz ao delegado que fez aquilo porque estava louco.
O quinto conto – A sociedade - narra o amor de um casal, Tereza e Adriano. A mãe de Tereza não quer que ela se case com Adriano por ele ser italiano. Adriano toda vez que passa à janela da jovem buzina para chamar atenção da jovem e a mãe já pede logo pra moça entrar. Certo baile que os pais de Tereza não foram, Adriano anuncia que seu pai quer fazer negócios com o pai de Tereza, mesmo com a mulher não apoiando, o pai de Tereza faz sociedade com o pai de Adriano. Depois de um tempo Tereza e Adriano se casam.
O sexto conto – Lisetta - fala sobre um episódio do cotidiano de Lisetta, uma criança pobre, que está num bonde junto com sua mãe. Lisetta fica encantada com o urso de pelúcia de uma menina rica, a qual começa a se exibir para a garotinha, que fica mais alvoroçada. A mãe da menina rica também começa a olhar para a criança com o olhar superior e a se exibir com o urso. Lisetta ao chegar em casa leva uma surra, que é interrompida por seu irmão que lhe dá um urso de latão o qual ela não deixa seu irmão pegar.
O sétimo conto – Corinthians (2) x Palestra (1) - narra uma partida de futebol entre Corinthians e Palestra e sobre uma moça chamada Miquelina. Miquelina está com sua amiga assistindo ao jogo. Miquelina namorava um jogador do Corinthians e ao terminar com ele foi namorar um jogador do Palestra. Quando o jogo estava empatado Miquelina manda recado para seu namorado dizendo para ele machucar o seu ex. Seu namorado faz a falta dentro da grande área. É dado pênalti e o ex de Miquelina faz o gol e o Corinthians ganha a partida. Muitos ficam chateados com o namorado de Miquelina e ela fica triste também. Ela volta a frequentar com amiga o clube que ia com seu ex.
O oitavo conto – Nota biográfica do novo deputado - fala sobre um fato da vida de um deputado. Quando este era pequeno seu pai morreu e ele foi adotado por seu padrinho, que o recebeu com um filho. Seu pai adotivo muda seu nome de Genarinho para Januário. Seu pai adotivo o põe numa escola de padres e passa seus bens ao filho adotivo após ver que Januário se considera seu filho.
O nono conto – O monstro de rodas - descreve um funeral de uma garotinha. Os homens na sala discutem se aparecerá no jornal o ocorrido. No decorrer do cortejo acontecem muitos falares como por exemplo sobre política, sobre a beleza das moças e entre outros. No final a mãe da garotinha vê a foto de sua filha no jornal A Gazeta e seu marido vai conversar com um advogado.
O décimo conto – Armazém Progresso de São Paulo - fala sobre a ambição do senhor Natale. Este possui uma quitanda que é muito famosa por dizer que possui artigos de todas as qualidades e que ele daria um conto de réis a quem lhe provasse o contrário. Na frente de seu armazém havia uma confeitaria que estava em decadência, e seu Natale adorava ver aquilo. Seu Natale queria muito comprar aquele lugar no leilão e pressionava o senhor Paiva, dono da confeitaria. Ao saber que a confeitaria poderia se reerguer com o aumento do preço da cebola, mercadoria vendida na confeitaria, senhor Natale agiliza o processo e consegue o negócio.
O último conto - Nacionalidade - fala sobre um italiano, o barbeiro Tranquillo. Este gostava de ler o jornal italiano Fanfulla, porém tinha um certo desgosto, pois seus filhos não queriam falar italiano. Geralmente, depois do jantar, Tranquillo sentava com seus familiares e amigos na calçada e ficavam conversando, quase sempre falando da Itália. Tranquillo sentia falta de sua terra. Certo dia, um italiano chamado Ferrúcio vem lhe pedir votos, este confia nele e começa a ajuda-lo também pedindo voto. Tranquillo se envolve com a política junto a seu filho Lorenzo. Ele chegou a se agitar pela guerra, mas com o tempo foi esquecendo. Tranquillo agora dá mais atenção à política brasileira que a italiana. Seu filho Bruno se forma em Direito pela faculdade de São Paulo. Ele e familiares se emocionam muito e Bruno como advogado em seu primeiro ato quer naturalizar seu pai.