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Menotti Del Picchia

Chuva de Pedra
 

O granizo salpica o chão como se as mãos das nuvens

quebrassem com estrondo um pedaço de gelo

para a salada de fruta dos pomares…

 

O cafezal, numa carreira alucinada,

grimpa as lombas de ocre

apedrejada matilha de cães verdes…

 

fremem, gotejam eriçadas suas copas

como pêlos de um animal todo molhado.

 

O céu é uma pedreira cor de zinco

onde estoura dinamite dos coriscos.

 

Rola de fraga em fraga a lasca retumbante

de um trovão.

 

Os riachos

correm com seus pés invisíveis e líquidos

para o abrigo das furnas. No terreiro,

as roupas penduradas nos varais

dançam, funambulescas, com as pedradas,

numa fila macabra de enforcados!

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