


MUIRAQUITÃ

Análise do poema "Noite" de Menotti Del Picchia
As casas fecham as pálpebras das janelas e
dormem.
Todos os rumores são postos em surdina
todas as luzes se apagam.
Há um grande aparato de câmara funerária
na paisagem do mundo.
Os homens ficam rígidos
tomam a posição horizontal
ensaiam o próprio cadáver.
Cada leito é a maquete de um túmulo
cada sono um ensaio de morte.
No cemitério da treva
tudo morre provisoriamente.
Menotti del Picchia foi essencialmente um poeta modernista. Os escritores modernistas buscavam, acima de tudo, romper e se opor ao Parnasianismo, escola literária antecessora do Modernismo. Além disso, suas produções vinham como forma de construir uma identidade social par ao país. Menotti, entretanto, apesar de ser figura importantíssima na semana de arte moderna, não cultivou sua poesia como social. Pelo contrário, boa parte de sua poesia se foca principalmente no lírico sensível.
Em seu poema “noite”, vemos uma comparação poética entre o sono noturno e a morte, ressaltando a quietude e imobilidade da noite. Figuras de linguagem como a personificação são usadas quando o poeta afirma que “As casas fecham as pálpebras das janelas e dormem”, afirmando também que, ao anoitecer, o próprio mundo se torna “um grande aparato funerário”. Ou seja, é semelhante à imagem de um caixão.
Observe como o poeta descreve o sono como a morte: “Cada leito é a maquete de um túmulo. Cada sono em ensaio de morte”. Dessa forma, ele afirma que, apesar da rica vida que levamos, nosso sono é um ensaio para a inevitável morte, que torna todos os homens iguais.