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Poeta bêbado, maçã podre.

JH

A maquina de escrever, suja, parecia viva.

Pulsava como um coração.

As palavras vinham como balas de canhão daquele homem bêbado, com hálito

de cigarro e se alinhavam no papel com harmonia.

O vinho já havia se esgotado e o cinzeiro precisava ser limpo.

O gato não comia há três dias.

Escrevia palavrões ao falar de amor.

Estava com fome.

A maçã pela metade, tão vermelha e tão grande.

Mas podre por dentro.

Tentou comê-la mesmo assim.

Quis cuspir, mas engoliu.

Apenas o começo doce, o resto amargo e ácido, machucava a garganta.

Continuou comendo, gostava de mastigar. Só de mastigar.

Vomitou.

O Talismã do Norte

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