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O Talismã do Norte

          Com o objetivo de apresentar essa fase literária, O Modernismo, e representar a cultura do norte, os idealizadores deste blog optaram por escolher o nome do mesmo de Muiraquitã.

          Mas o que é Muiraquitã? E qual sua relação com o Modernismo? Conta-se que residia na região do Rio Nhamundá, afluente do Rio Amazonas, uma tribo de bravas guerreiras que não tinham marido, as Icamiabas - estas que, para mostrar sua bravura e para o melhor uso de arco e flecha, cortavam um de seus seios. Mas talvez você as conheça por outro nome: Amazonas. Por não manterem relações frequentes com homens e com a necessidade de procriar, as Icamiabas, uma vez por ano, faziam uma festa dedicada à Lua e permitiam que bravos guerreiros da tribo Guaraci se juntassem ao festejo para

se acasalar. Na noite da festa, antes da meia-noite e após se acasalarem, as bravas índias guerreiras iam em direção ao lago Iraci-Uaruá (Espelho da Lua) para buscar a matéria-prima do talismã que dariam a seus companheiros temporários: O Muiraquitã. O objeto dado aos guerreiros visitantes atraía sorte e curava as doenças daquele que o utilizasse.

        E como esse objeto aparece no Modernismo? O escritor modernista Mário de Andrade criou uma obra literária chamada “Macunaíma, o herói sem caráter”. Em tal obra, aquele que ”No fundo do mato virgem nasceu”, o preguiçoso e malandro Macunaíma, personagem principal do livro, após matar sua ‘velha’ mãe sem querer, parte junto com seus irmãos em uma aventura. Ao iniciar sua jornada ele acaba por encontrar Ci, a mãe do mato, dormindo. Por não ter um dos seios, Macunaíma percebeu que a linda cunhã com quem ele tinha se deparado era uma Icamiaba e depois de até ter apanhado dela, o herói se apaixona e acaba por engravidá-la. Logo após o nascimento do filho, os seios de Ci são chupados por uma Cobra Preta, e como o “curumin” precisava do leite, ele acaba por chupar o único peito da mãe, porém ele morre envenenado. Depois de tudo isso, Ci resolve virar uma estrela, A Beta do Centauro, mas antes de ir, ela dá a Macunaíma um talismã, e que talismã era esse? Sim, era um Muiraquitã.

             Há análises que afirmam que o significado do muiraquitã neste livro representa a cultura popular ou até mesmo a tentativa de formação da população brasileira, mas devo discordar tanto da primeira análise, pois Mário de Andrade atribui ao livro inteiro a

representação de várias culturas e não só ao talismã, quanto da segunda, pois uma das ideias que o autor quis passar no livro se dá conta quanto ao caráter dessa população que já está sendo formada, não de uma população que ainda se formaria.

Afinal, o que o talismã representa?

            A muiraquitã em si não representa “a identidade brasileira”, mas a “entidade brasileira”, ou seja, a busca é pelo que caracteriza o povo enquanto essência. Andrade não era nem ufanista, nem xenófobo, foi um defensor ardoroso do nacionalismo estético, um artista empenhado na busca da ”diferença brasileira”.

Chiara Julie
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