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Resumo e análise do incrível Martim Cererê de Cassiano Ricardo

            O livro Martim Cererê, sem dúvidas, é a obra mais importante de Cassiano Ricardo no contexto do Modernismo no Brasil. Lançado em 1928, o livro é composto por 77 poesias, agrupadas em 6 partes, e recria a História do Brasil, desde suas raízes, até a imigração e integração das raças, de uma forma mística, incorporando fantasia à história.

            Os índios tupis têm uma lenda que diz que no começo dos tempos não havia noite, era sempre dia e não havia descanso. Em Martim Cererê tal lenda é recuperada e o livro começa com a história da jovem índia Uiara, figura poderosa do país do sol que tem “cabelo muito verde” e “olhos-muito-ouro”, que impõe como condição para casar-se que o seu pretendente lhe traga a Noite, para que o equilíbrio passa ser alcançado.

“A manhã é muito clara...

 Não há Noite na terra...

 O sol espia a gente pelos vãos do arvoredo...

Sem Noite, francamente não quero me casar

porque não há segredo...”

            O primeiro a tentar realizar esse feito é o índio Aimbêre, o Rei do Mato, “nascido crescido/sem nunca chorar”. Ele recebe da Cobra Grande o fruto do tucumã que contém a noite; mas, ao abrir o fruto na hora errada, Aimbêre é castigado: “E a Noite se fez, mas/ apenas em seu corpo./ E ele ficou no mundo/ sem caminho, sem noiva,/ ora adiante, ora atrás”.

            Nesse tempo chega um marinheiro português chamado Martim que logo se apaixona por Uiara, após ouvi-la cantar, e, a fim de casar-se com a bela índia, navega à África, de onde traz a noite, representada pelos negros escravos. Estabelece-se assim o “Mito das Três raças”: o encontro do índio, do português e do africano. Dessa união nasce os bandeirantes, “Os Gigantes de Botas”, ancestrais do Brasil. Altamente nacionalistas, os bandeirantes são responsáveis pela expansão do Brasil em direção ao oeste, desbravando os sertões e plantando cafezais até chegar ao Brasil industrial.

O trecho abaixo exemplifica o “Mito das Três Raças”:

“todos os três,

[...]

 o homem da Terra, com o seu nomadismo;

o homem do Mar, com a sua carga de aventura;

o homem da Noite, para afrontar o sol dos trópicos

 [...]

todos três de mãos dadas e pela primeira vez,

deuses-bichos, com barba de cipó,

depois de haver bebido em grandes goles

a água do rio que nascera

correndo pra dentro da terra e de costas voltadas para o mar”

            Assim, Cassiano Ricardo reconstrói, poeticamente, o episódio da colonização brasileira, de maneira bastante idealizada e mística, fazendo referência também ao ciclo do pau-brasil e à vinda dos degradados para o Brasil. Martim Cererê estende-se até a imigração e a integração das três raças que foram igualmente importantes para a formação do Brasil-menino, os bandeirantes, que, segundo Cassiano, foram os verdadeiros heróis brasileiros, se expandindo até formar o a Brasil-adulto consciente de si e de sua origem, tal como expresso no trecho abaixo que foi retirado do livro:

“Por fim cresci. Hoje sou gente grande.

Sou comissário de café. Tenho viadutos encantados.

 Minha cidade é esse tumulto colorido que aí

 passa levando as fábricas pelas rédeas pretas da fumaça!

[...]

E o Tietê conta a história dos velhos gigantes,

que andaram medindo as fronteiras da pátria.”

Draw his book: Macunaíma

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