


MUIRAQUITÃ

Análise de A escrava que não é Isaura de Mário de Andrade
A escrava que não é Isaura é um ensaio escrito por Mário de Andrade em 1822 e publicado em 1824. O principal objetivo desse ensaio, assim como o de sua outra obra “Paulicéia Desvairada”, era mostrar o que os modernistas pensavam da poesia, como ela deveria ser e o que deveria ser feito para alcançá-la, ou seja, Mario de Andrade objetivava divulgar o projeto literário do Modernismo.
Na obra (inclusive no título), a escrava é uma metáfora para a poesia, por isso o autor fez alusão à obra de Bernardo de Guimarães.
Esse ensaio divide-se em quatro: Prefácio, 1º parte, 2º parte e Posfácio.
Prefácio: O autor cria uma espécie de parábola que faz uma paródia do capítulo do Gênesis Bíblico em que a poesia é um plágio do ser humano em relação à criação de Eva por Deus: ela estava nua, é coberta por Adão, depois por Caim entre outros até que Rimbaud (poeta surrealista francês) a despiu e foi essa poesia nua que os modernistas passaram a adorar. Ou seja, a forma foi sendo cada vez mais valorizada do que a essência.
1º Parte: O autor associa a poesia a fórmulas matemáticas, sendo a principal delas “Lirismo puro + Crítica + Palavra = Poesia”. Ele também explica a beleza da poesia, utilizando novamente a parábola, onde as vestimentas da mulher representam esses enfeites. Nota-se que ele faz uma crítica principalmente aos ideais parnasianos e simbolistas, os quais valorizavam mais a forma do que a essência.
2º Parte: O autor divulga a estrutura da nova poesia (versos brancos, métricas irregulares e palavras denotativas) e a nova estética (o subconsciente é a inspiração para produzir uma poesia, poemas curtos e o conceito de polifonia: várias melodias dão vazão a uma só).
Posfácio: O autor tenta de certa forma acalmar o projeto modernista para não entrar em conflito com os parnasianos, onde o autor diz que não se revoltará a vida toda.
Diante de tal análise, fica evidente que A Escrava que Não Era Isaura foi de extrema importância para a divulgação e consolidação do projeto modernista, principalmente pelo fato da obra ter sido escrita no mesmo ano da Semana da Arte Moderna, período em que o Modernismo começava a se consolidar como a principal escola literária da época.