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Análise do Poema "Porquinho-da-índia" de Manuel Bandeira

João Victor MoreiraTribuzy

"Quando eu tinha seis anos
Ganhei um porquinho-da-índia.
Que dor de coração me dava
Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!
Levava ele pra sala
Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos
Ele não gostava:
Queria era estar debaixo do fogão.
Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas…

— O meu porquinho-da-índia foi minha primeira namorada.

 

Porquinho-da-índia.”-Manuel Bandeira

           Manuel Bandeira foi um dos maiores autores do modernismo brasileiro, fazendo parte do grupo de autores mais importantes da primeira geração. A sua poesia é peculiar, seu estilo é simples e direto, porém não é simplista nem rude. Foi um poeta lírico, tendo sua temática centralizada em temas universais e do cotidiano, como é possível observar no poema “Porquinho-da-índia” do autor.

          O poema é completamente assimétrico, não obedecendo a nenhum padrão de versificação, sendo os versos intitulados como livres. Logo no primeiro verso é possível observar que a temática do poema se encontra no passado, em uma lembrança aparentemente longínqua e distante, propondo que o porquinho-da-índia já não existe no aspecto real. O estilo despretensioso e despojado do poema é o que chama mais a atenção ao se fazer a leitura, e, impressiona ao terminar com o verso “ – O meu porquinho-da-índia foi a minha primeira namorada”, revelando, ao mesmo tempo, a complexidade e a simplicidade do poema.

          A visão central do poema é o fato de que as ações do eu poético não são correspondidas pelo seu animal de estimação. Enquanto o dono deseja que ele fique nos melhores lugares, mais bonitos e mais limpinhos, o animal deseja ir para debaixo do fogão, um local insinuado como totalmente o oposto ao desejo do dono. E então, no último verso, evidencia-se a mensagem que o autor deseja passar, de que esse desinteresse, aparentemente característico das namoradas do autor, se manifestou primeiramente no seu primeiro animal de estimação, mostrando o contraste entre a simplicidade e a complexidade do poema.

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