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Rodrigo Guimarães

Resenha de Juca Mulato de Menotti Del Picchia

      Em 1917, Menotti Del Picchia, que foi depois um dos grandes expoentes da Semana de Arte Moderna de 1922, publicou Juca Mulato, uma história de amor em versos.

       Esse poema estabeleceu a glória de muitos declamadores desta e de outras terras – pois foi traduzido para sete idiomas na época e teve mais de cem edições. Nesse tempo, antes do surgimento da televisão, toda festa digna de nota, pública ou particular, tinha um ou vários declamadores encantando as plateias com os versos dos poetas mais queridos.

     Embora tenha sido um dos mais importantes colaboradores da Semana de Arte Moderna, Menotti Del Picchia parece ter transportado para o Juca Mulato algumas das características do herói romântico, pois o caboclo do mato é um exemplar de beleza masculina. E o cerne do poema é um amor impossível por diferenças de classes sociais. Juca Mulato, sempre disposto e feliz com o que possuía, de repente criou um imenso amor pela filha da patroa. Amor desesperançado, logo percebe, por ser inatingível. Tudo o que fora importante até então perde sua razão de ser, porque “a vertigem do amor, fascinadora, tudo arrasta, fantástica, nos braços”.

O Poema

       Divide-se o poema em nove partes que assim resumimos:

1 – Germinal

      Visualiza Juca em seu habitat, um moreno simples e boêmio; define suas características e mostra o início da paixão.

2 – A Serenata

    São cantadas trovas ao violão, logo após do despertar para o amor. Destaca-se pela melodia e melancolia.

3 – Almas Alheias

     Conta a alienação do Mulato às coisas de seu dia-a-dia, como a apropriação de um cavalo que o acompanha na sua crise de carência. Nela, percebem-se seus devaneios eróticos, são expostos os traços de sua luta e rendição ao amor que lhe nasceu. Del Picchia destaca os olhos de Juca expondo sofrimento.

 

4 – Fascinação

     Um lindo cântico ao amor mostra uma reflexão profunda sobre o que é esse sentimento, o qual o considera força vital para a Natureza e o Cosmo, mostrando certa influência de Bilac, força a que decididamente sucumbe.

5 – Lamentações

       Nesse trecho Juca ressalta as dúvidas sobre o sentimento que o mata, em que há um uso da natureza como ser divino. Juca pede a ela respostas e depois a compara consigo dizendo que, “uma vez que suas águas passam, não voltam”. Descobre-se que sofre de um amor não correspondido.

 

6 – Presságios

     O protagonista começa tocando e cantando uma música sobre seu sofrimento. Ele começa a acreditar que o amor que tanto deseja não o liberta, e na verdade apenas o aprisiona mais. Os seus detalhes vão perdendo a juventude, tomando uma imagem fúnebre.

 

7 – A Mandinga

     Juca chega à casa de Roque, um feiticeiro, falando a ele que está apaixonado. Dialogando com o feiticeiro, a quem pede uma cura para o mal de amor, o feiticeiro responde: “Mas não há mandinga para isso”. Tentando ajudar mesmo assim, Roque diz-lhe que fuja.

 

8 – A Voz das Coisas

     Juca pensa em fugir, porém fica confuso se deve ou não ir. Pensa em seus pais e em sua vida, e também entra em conflito por não querer esquecer a jovem moça, motivo este decisivo para a sua morte.

 

9 – Ressurreição

       Juca percebe que a vida é um vazio inexorável onde a infelicidade é sua única opção e pensa que foi ingênuo durante o tempo em que pensou que sua vida seria feliz. Porém numa reflexão tardia se acalenta no pensamento que dentro do olhar de sua amada ele pode ser feliz, seguindo uma vida melhor.

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